quinta-feira, 4 de março de 2010

Ode a Pocess

Foto: Bassano del Grappa
"Passo às vezes na cama um dia inteiro
de papo para o ar, como um madraço...
fumando qual filósofo ou palhaço,
- sem mulher...sem cuidados...sem dinheiro!

É de manhã então que me é fagueiro
Ouvir trinar no cristalino espaço
Um pregão mais macio que um regaço,
Que se esvai a carpir...como um boieiro...

De manhã é que passa a leiteirinha,
Com o seu pregão chilrado de andorinha,
Passam as varinas de gargantas sãs...

E ao escutar tais cantantes semifusas,
Eu creio que oiço ao longe as frescas Musas,
- A vender uvas e a pregoar maçãs."

Guerra Junqueiro

1 comentário:

Ricardo Rodrigues disse...

fantástico... uma ovação de pé a esta delícia literária ...