terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mania do Fado...!

Homenageando a nossa crónica condição isquémica do "ser português", tenho mesmo de aconselhar a leitura daquilo que é um retrato satírico perfeito dos "OUTROS" do ontem e do hoje em dia que nos rodeiam...nunca nosso! Paradoxalmente concluimos no fim, depois de reflexão fluida que... a nossa (país) mais valia, no fundo, são mesmo os recursos humanos...
Em fantasia para dois coronéis e uma piscina, Mário de Carvalho trata a sociedade portuguesa do início do século XXI com as suas contradições internas, a sua saloíce, aflorando os seus traumas e os seus desígnios, questionando-se mesmo, no final da obra, se "Há emenda para este país?". E toda esta narração, onde o real se cruza com os momentos mais delirantes produto da imaginação de Emanuel Elói (um jovem mestre de xadrez e vedor de água em contínua digressão pelo país no seu Renault 4) ou a destruição de uma estação de serviço por uma claque de futebol que se move de forma quadrúpede nos é narrada de forma quase anedótica, provocando o riso, ora pela aberração, ora pela ironia. Os protagonistas que dão nome à obra são dois coronéis reformados do exército, com experiência da guerra colonial e do 25 de Abril(que os viu em lados opostos) cuja grande parte das conversas tem lugar junto à piscina que um construiu num monte alentejano, algures perto de Serpa, onde gozam a reforma. O empresário de sucesso do Norte, a menina da estação de serviço, a esposa fina mas vernacular, o filho de 42 anos que permanece ligado aos tags (não aos graffitti)e polvilhado de piercings, completam as principais personagens desta hilariante obra cujo cenário é muito mais que o meio rural português povoado pelos regressados coronéis. Tal como em "Um Deus passeando pela brisa da tarde" é a decadência de um império que se sente nesta obra.
resumo da obra (pode-se vêr p.e. em wikipedia)

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